Casas da zona rural da cidade de São Miguel das Matas, no norte da Bahia, apresentaram rachaduras após o tremor de terra, que foi registrado na Bahia, na região das cidades de Mutuípe, que fica no Vale do Jiquiriçá, e Amargosa, no Recôncavo Baiano, na manhã deste domingo (30). Segundo informações do secretário de infraestrutura de São Miguel das Matas, Adriano Amorim, as janelas da sede da prefeitura ficaram quebradas.
Não há informações sobre feridos. “O primeiro tremor foi fraco, quando veio segundo, que a terra tremeu, a gente sentiu as casas todas abaladas, coisa de 30 segundos. Todos nós ficamos em pânico, corremos para a rua. Uma sensação triste, só presenciando para sentir, um negócio estranho demais”, disse Adriano Amorim.
De acordo com o secretário de infraestrutura, cerca de 20 casas tiveram que ser desabrigadas por causa das rachaduras. Os moradores foram para casas de familiares. “Tiveram muitas casas rachadas, estou aqui no local, fotografando e fazendo vídeos. Algumas pessoas abandonaram as casas, porque têm muitas rachaduras e não há condição de morar nelas”, contou. “Janelas da prefeitura e das casas ficaram quebradas, tivemos muito danos, na zona rural foi maior”.
De acordo com a Defesa Civil Estadual, a prefeitura de São Miguel das Matas está fazendo o levantamento das casas que foram afetadas com rachaduras por causa do tremor de terra. Até o início da tarde deste domingo, mais de 50 casas, na zona rural, tiveram rachaduras detectadas.
Segundo os cálculos do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o terremoto registrado na Bahia teve de magnitude 4,6. Moradores de várias cidades do estado, como Castro Alves, Santo Antônio de Jesus, também no Recôncavo, relataram o impacto do terremoto. Em Salvador, os tremores também foram sentidos.
O G1 entrou em contato com Aderson Nascimento, coordenador do Laboratório de Sismologia da UFRN, que faz o monitoramento dos fenômenos. Ele explicou que esse terremoto teve alta magnitude e também pôde ser sentido em Salvador.
“A gente fez uma análise preliminar e esse evento maior foi registrado pela rede mundial, foi de magnitude 4,6, a 6 km a sul para sudoeste de Mutuípe e em Amargosa. Salvador fica a pouco menos de 100 km de Mutuípe e, com essa magnitude, ele certamente foi sentido em Salvador.”, detalhou Aderson.
O geólogo Eduardo Menezes, que também é do Laboratório de Sismologia da UFRN, explicou que os tremores são causados por pressões nas falhas geológicas. Eduardo Menezes avaliou também que o normal é que os tremores tenham magnitude abaixo de 3, portanto o terremoto de 4,6 registrado na Bahia é considerado de alta magnitude.
“Em uma magnitude dessa ordem, de 4,6, que é o que a gente tem registro, ele realmente assusta e pode chegar a derrubar alguns objetos de prateleira, pode sentir vibrações em telhados e janelas. É normal que as pessoas se assustem. Não são comuns frequências de tremores nessa grandeza. A maioria dos tremores que ocorrem aqui no Nordeste do Brasil, em geral, são de magnitude abaixo de 3”, detalhou Eduardo.
Aderson Nascimento disse ainda que o Serviço Geológico Americano também registrou o fenômeno, além de outras instituições brasileiras. “Esse evento sísmico, esse terremoto, foi registrado em todas as estações da rede sismográfica do Brasil, que é uma rede que possui apoio do Serviço Geológico Brasileiro, operada por instituições de universidades de pesquisa aqui no Brasil, que são a USP, o Observatório Nacional, a UnB [Universidade de Brasília] e a UFRN. No caso da UFRN, ela tem a incumbência de operar redes que estão situadas no Nordeste do Brasil”.
No site do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), constam dois registros de terremotos nas regiões de Amargosa e São Miguel das Matas, com magnitudes de 4,2 e 3,7 respectivamente. G1