É preciso falar, mais uma vez, sobre Douglas. O assunto já é recorrente, mas a falha protagonizada pelo goleiro tricolor na última terça-feira, diante do Independiente, pela Copa Sul-Americana, torna necessário retornar ao tema. Até porque essa não foi a primeira oportunidade de mostrar serviço que ele desperdiçou.
Contratado em 2018, após ser um dos destaques do Campeonato Brasileiro de 2017, pelo Avaí, o gaúcho teve duas boas temporadas pelo Esquadrão, dificilmente colocando em dúvida sua titularidade na meta defendida. Foram 41 gols sofridos em 49 jogos em 2018, e 53 sofridos em 56 partidas em 2019. Juntando os dois anos, a média é de 0,9 gol por confronto.
A partir do ano passado, contudo, a relação entre Douglas e o Bahia começou a desmoronar. Desde a falha diante do River-PI, que eliminou o Tricolor na primeira fase da Copa do Brasil, os momentos de paz deixaram de existir. Apenas três dias depois, ele vacilou novamente, dessa vez diante do Vitória, maior rival, pela Copa do Nordeste. O Esquadrão perdeu aquele duelo por 2 a 0, na Fonte Nova.
Desconfiança e lesões
Junto a uma defesa sofrível, o arqueiro amargou sua pior temporada em números. Viu suas redes serem balançadas em 45 oportunidades nos 40 confrontos que participou. Média de 1,1 gol sofrido por jogo. A má fase também se refletiu em sua titularidade: Anderson, reserva à época, atuou por sete partidas seguidas após a derrota para o Leão.
Não só isso, como também foi o goleiro de confiança para enfrentar a fase mata-mata da Copa do Nordeste, que terminou com duas derrotas na final, contra o Ceará. Uma falha de Anderson na decisão deu a Douglas a chance de recuperar a posição. Contudo, a desconfiança sempre pairou sobre ele. O quadro acima mostra como o goleiro falhou outras seis vezes até o fim da temporada – contando erros grotescos ou aceitáveis.
Na reta final do Brasileirão, o camisa 1 se machucou feio contra o Vasco, após levar uma espécie de voadora – sem querer – do zagueiro Leandro Castán. Apesar de ter levado cinco pontos no rosto, Douglas, em teoria, estaria disponível para atuar na partida seguinte, contra o Fluminense. Contudo, por causa de dores no joelho, segundo informou o clube, o arqueiro não esteve disponível nas três rodadas seguintes.
Isso comprometeu os planos tricolores para fugir da zona de rebaixamento, já que Anderson falhou feio nas duas partidas em que substituiu o titular, cedendo uma vitória ao Fluminense e um empate ao Goiás. O antigo reserva foi liberado na sequência, e está no Mogi Mirim-SP.
A ausência de Douglas levantou suspeitas e críticas da torcida, principalmente porque Mateus Claus, em teoria o segundo goleiro, na ocasião, foi a campo no sacrifício contra o Atlético-MG, na 37ª rodada. O camisa 1 só voltou na rodada final, contra o Fortaleza, e participou do jogo atrasado contra o Santos, que garantiu a presença do Esquadrão na Copa Sul-Americana deste ano.
Nasce uma estrela
A necessidade de um novo goleiro era cristalina, mas a diretoria tricolor não anunciou nenhum nome para assumir a meta. Parece ironia do destino que uma nova lesão de Douglas permitiu nascer uma estrela: Matheus Teixeira.
Inicialmente reserva do time de transição, o arqueiro conquistou a torcida ao classificar o Bahia para a final da Copa do Nordeste, pegando dois pênaltis contra o Fortaleza. Na decisão, pegou mais um, e o Esquadrão voltou a ser campeão regional após quatro anos.
Contudo, quando o Bahia precisou novamente de Douglas em uma decisão, por causa de uma lesão de Teixeira, ele comprometeu. O peso das falhas anteriores e da desconfiança da torcida parece se agigantar sobre o gaúcho, que sucumbe à pressão.
Não foi só no gol do Independiente que o goleiro falhou. No primeiro tempo, ao tentar encaixar uma bola, deu clara demonstração de não estar pronto para a missão. Um dia voltará a estar?
FONTE: A TARDE