Foto: Labomar UFC/CDN-ISTOE
Aparição na capital baiana é inédita e considerada inesperada pelas condições da maré
A aparição recente de “caixas misteriosas” nas praias de Salvador têm intrigado a população soteropolitana que se depara com estes objetos desconhecidos na areia. Esse tal mistério, porém, já foi desvendado ao ser objeto de pesquisa do oceanógrafo Carlos Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), entrevistado pelo Metro1.
Segundo Teixeira, essas “caixas” são, na verdade, fardos de um navio nazista alemão, e apareceram, inicialmente, em 2018 em outros locais do litoral do Nordeste, como em Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, e Maranhão. Em 2019, esses fardos chegaram também na Flórida, estado dos Estados Unidos.
Já este ano, os objetos pesados apareceram na região norte da Bahia e reapareceram em Alagoas e Sergipe. E, agora, de forma inédita, em Salvador, local considerado inesperado pelas condições climáticas, explica o oceanógrafo. Segundo ele, os fardos estão enterrados desde 2018 e puderam aparecer agora devido à erosão causada pela alta da maré, que os jogou para o mar.
“O mistério de Salvador é que o vento estava vindo do sul até semana passada, então ia transportar os objetos para o norte. Como que chegou em Salvador? Mas observando mais recentemente, o vento está um pouco a leste. Aí sim, teria como trazer do norte para o sul”, sugere o especialista.
A pesquisa feita pelo professor indica que a origem dos fardos são partes de um navio nazista naufragado, que encontra-se afundado a 5.700 metros de profundidade, a 1.000 km da costa de Recife. A descoberta foi feita a partir de uma foto onde, em um dos fardos, aparece escrito “produção da Indochina francesa”, o que indicou ser um fato histórico, já que a colônia francesa não existe mais.
Para esses objetos terem aparecido na superfície, há duas hipóteses, esclarece o pesquisador. Uma delas é a corrosão natural. “Basicamente enferrujou, se quebrou e os fardos foram para a superfície”, explica. A outra é a pirataria, já que o navio carregava metais raros, como cobalto e titânio. “Tinham US$ 32 milhões em cobalto. A gente sabe que tem empresas que resgatam cargas no oceano e, nesse processo, podem ter rompido o casco do navio e terem ido à superfície”.