Maior atleta do século 20 morre aos 82 anos tendo o mundo aos seus pés.

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Na história do futebol mundial, ninguém conseguiu ser maior do que Pelé.

Dizem que todas as histórias têm um começo, um meio e um fim. Nem todas. O roteiro de vida que Pelé escreveu com os pés, pelos campos do planeta, não tem ponto final. É uma história que vai continuar sendo contada e recontada, de geração a geração, gol a gol.

A cada imagem revisitada de um personagem que nasceu para se tornar imortal, para se tornar uma lenda.

A saga do menino pobre que nasceu num lugar escondido entre as montanhas de Minas Gerais: Três Corações, uma cidade que viveu às escuras até 1940. Quando a luz chegou, a alegria foi tanta que um dos moradores decidiu dar ao filho que nascia um nome em homenagem ao inventor da lâmpada elétrica: Thomas Edison.

E veio então ao mundo uma criança iluminada: Edison Arantes do Nascimento. O filho primogênito do casal Dondinho e Celeste. Dondinho era jogador do time de futebol local. O pequeno Edison ainda era chamado de Dico, quando toda a família se mudou para Bauru, em São Paulo. O pai tinha recebido proposta para trocar de clube.

Dico cresceu e ganhou a rua. Aos 6 anos, já se dividia entre os estudos e os chutes em bola de meia. Em Bauru, foi chamado pela primeira vez de Pelé.


“ Aí o garoto chamou ‘Pelé’, eu não sei se foi uma brincadeira, se eu falei alguma coisa errada, se foi uma piada. Eu briguei com ele porque eu não queria o apelido de Pelé, uma coisa feia, eu achava na época. Toda a garotada do prédio, as meninas, começaram a chamar ‘Pelé, Pelé’, e eu brigava com todo mundo. Foi assim que eu peguei o apelido Pelé, sem saber porque e hoje eu adoro, porque é um nome conhecido no mundo todo”, contou o Rei do Futebol.

A fama mundial só viria uma década depois do novo apelido, mas o franzino herdeiro de Dondinho já era um craque com a bola no pé.

Com 9 anos, Pelé viu o pai chorar, na derrota para o Uruguai em plena final da Copa e lançou uma profecia:

“ Brinquei com meu pai, ‘não chora, não, pai, eu vou ganhar uma Copa para você”. Oito anos depois, 1958, eu estava na Suécia”, relembrou Pelé.

O garoto tinha mesmo futuro. Aos 13 anos, já era titular do Baquinho, a divisão de base do Bauru Atlético Clube.

Técnico do time, o ex-jogador da seleção, Waldemar de Brito percebeu logo que Pelé era um fora de série. Waldemar tinha contatos no Santos e convenceu Dondinho e dona Celeste a tentar a sorte num grande clube.


Santos e Pelé. Pelé e Santos. Uma tabelinha que deu muito certo. No único clube brasileiro que defendeu, Pelé jogou 19 temporadas, ganhou 26 títulos. Com ele em campo, o Santos conquistou seis campeonatos brasileiros, duas Taças Libertadores da América e dois Mundiais Interclubes.

Vestindo a camisa 10, que se tornaria marca registrada, Pelé fez muitos, muitos gols: 1.091 para ser mais preciso. O primeiro foi marcado logo na estreia, ainda em 1956. A goleada sobre o Corinthians de Santo André teve pouco destaque na imprensa e o nome da jovem promessa ainda saiu errado: ‘Telé’.

Mas em pouco tempo o nome Pelé estaria na boca de todo o país e o sonho de jogar na Seleção parecia mais real a cada dia. Com apenas 16 anos, Pelé tomou um susto ao ouvir a notícia pelo rádio.

Um ano depois, Pelé estava na Copa, ele se divertia como um adolescente. Começou o Mundial na reserva e só foi estrear na terceira partida, na vitória sobre a União Soviética. Não saiu mais. Pelé ainda não sabia, mas estava prestes a entrar para a história como o jogador mais jovem a ganhar uma Copa.

Na virada contra a Suécia na decisão, ele fez outros dois gols. Um deles, presente em qualquer antologia do futebol. Brasil 5 a 2. Brasil campeão do mundo, era emoção demais para um garoto de 17 anos.


Na Copa do Chile, em 1962, marcou logo na estreia, mas uma contusão o tirou do segundo jogo. Teve que ver o bicampeonato mundial na arquibancada.

Também não deu sorte na Copa de 66 na Inglaterra. Caçado em campo no terceiro jogo contra Portugal, jogou o segundo tempo machucado e o Brasil foi eliminado.

No Santos, a rotina de gols e títulos se manteve. Dia 19 de novembro de 1969, em um jogo contra o Vasco, chegou a uma marca histórica.

“Pênalti! Está aí o momento mais emocionante do futebol em 1969. A segundos do gol do século. Atenção, caminha Pelé, chutou é gol! Gol de Pelé! Pelé, mil gols! Pelé, o mundo aos seus pés!”, narrou o Waldir Amaral, no milésimo gol de Pelé.

E Pelé tinha fôlego para mais. A Copa de 70 no México foi a última, inesquecível. Fez quatro gols, deu o passe açucarado para Carlos Alberto Torres marcar aquele que virou o símbolo do tri.

Três lances desse Mundial não balançaram a rede, mas entraram para a história.

O chute do meio-campo contra a Tchecoslováquia. A cabeçada para a incrível defesa do inglês Banks e o drible sem bola no uruguaio Mazurkiewicz.


Depois da Copa, Pelé foi aplaudido de pé por todo o Maracanã ao se despedir da Seleção no jogo contra a Iugoslávia. É até hoje o artilheiro que fez mais gols pelo Brasil: 95.

Pelé vestiu pela última vez a camisa do Santos em 1974 na Vila Belmiro. Sua casa por quase duas décadas, chorou como uma criança. Era a segunda despedida, não seria a definitiva.

A saudade da bola falou mais alto. Na temporada seguinte, uma proposta milionária convenceu Pelé a aceitar um desafio: popularizar o futebol nos Estados Unidos. No NY Cosmos ele chegou aos 1.282 gols e conquistou o 32º título da carreira.

Em 1977, finalmente deu adeus aos campos em um amistoso entre o Santos e o Cosmos. Deixou a marca de artilheiro na última despedida. Deixou muito mais.

Deixou um nome que virou adjetivo: Pelé, o Pelé dos futebolistas. Pelé, o rei que reinventou o futebol. Pelé, o eterno namorado da bola.

“Querida bola, se existe uma coisa importante no mundo, é você. Se Deus mandou você para mim, e ter tanta liberdade, tanta amizade com você, é porque Deus me ama”, disse o rei.





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Na história do futebol mundial, ninguém conseguiu ser maior do que Pelé.

Dizem que todas as histórias têm um começo, um meio e um fim. Nem todas. O roteiro de vida que Pelé escreveu com os pés, pelos campos do planeta, não tem ponto final. É uma história que vai continuar sendo contada e recontada, de geração a geração, gol a gol.

A cada imagem revisitada de um personagem que nasceu para se tornar imortal, para se tornar uma lenda.

A saga do menino pobre que nasceu num lugar escondido entre as montanhas de Minas Gerais: Três Corações, uma cidade que viveu às escuras até 1940. Quando a luz chegou, a alegria foi tanta que um dos moradores decidiu dar ao filho que nascia um nome em homenagem ao inventor da lâmpada elétrica: Thomas Edison.

E veio então ao mundo uma criança iluminada: Edison Arantes do Nascimento. O filho primogênito do casal Dondinho e Celeste. Dondinho era jogador do time de futebol local. O pequeno Edison ainda era chamado de Dico, quando toda a família se mudou para Bauru, em São Paulo. O pai tinha recebido proposta para trocar de clube.

Dico cresceu e ganhou a rua. Aos 6 anos, já se dividia entre os estudos e os chutes em bola de meia. Em Bauru, foi chamado pela primeira vez de Pelé.


“ Aí o garoto chamou ‘Pelé’, eu não sei se foi uma brincadeira, se eu falei alguma coisa errada, se foi uma piada. Eu briguei com ele porque eu não queria o apelido de Pelé, uma coisa feia, eu achava na época. Toda a garotada do prédio, as meninas, começaram a chamar ‘Pelé, Pelé’, e eu brigava com todo mundo. Foi assim que eu peguei o apelido Pelé, sem saber porque e hoje eu adoro, porque é um nome conhecido no mundo todo”, contou o Rei do Futebol.

A fama mundial só viria uma década depois do novo apelido, mas o franzino herdeiro de Dondinho já era um craque com a bola no pé.

Com 9 anos, Pelé viu o pai chorar, na derrota para o Uruguai em plena final da Copa e lançou uma profecia:

“ Brinquei com meu pai, ‘não chora, não, pai, eu vou ganhar uma Copa para você”. Oito anos depois, 1958, eu estava na Suécia”, relembrou Pelé.

O garoto tinha mesmo futuro. Aos 13 anos, já era titular do Baquinho, a divisão de base do Bauru Atlético Clube.

Técnico do time, o ex-jogador da seleção, Waldemar de Brito percebeu logo que Pelé era um fora de série. Waldemar tinha contatos no Santos e convenceu Dondinho e dona Celeste a tentar a sorte num grande clube.


Santos e Pelé. Pelé e Santos. Uma tabelinha que deu muito certo. No único clube brasileiro que defendeu, Pelé jogou 19 temporadas, ganhou 26 títulos. Com ele em campo, o Santos conquistou seis campeonatos brasileiros, duas Taças Libertadores da América e dois Mundiais Interclubes.

Vestindo a camisa 10, que se tornaria marca registrada, Pelé fez muitos, muitos gols: 1.091 para ser mais preciso. O primeiro foi marcado logo na estreia, ainda em 1956. A goleada sobre o Corinthians de Santo André teve pouco destaque na imprensa e o nome da jovem promessa ainda saiu errado: ‘Telé’.

Mas em pouco tempo o nome Pelé estaria na boca de todo o país e o sonho de jogar na Seleção parecia mais real a cada dia. Com apenas 16 anos, Pelé tomou um susto ao ouvir a notícia pelo rádio.

Um ano depois, Pelé estava na Copa, ele se divertia como um adolescente. Começou o Mundial na reserva e só foi estrear na terceira partida, na vitória sobre a União Soviética. Não saiu mais. Pelé ainda não sabia, mas estava prestes a entrar para a história como o jogador mais jovem a ganhar uma Copa.

Na virada contra a Suécia na decisão, ele fez outros dois gols. Um deles, presente em qualquer antologia do futebol. Brasil 5 a 2. Brasil campeão do mundo, era emoção demais para um garoto de 17 anos.


Na Copa do Chile, em 1962, marcou logo na estreia, mas uma contusão o tirou do segundo jogo. Teve que ver o bicampeonato mundial na arquibancada.

Também não deu sorte na Copa de 66 na Inglaterra. Caçado em campo no terceiro jogo contra Portugal, jogou o segundo tempo machucado e o Brasil foi eliminado.

No Santos, a rotina de gols e títulos se manteve. Dia 19 de novembro de 1969, em um jogo contra o Vasco, chegou a uma marca histórica.

“Pênalti! Está aí o momento mais emocionante do futebol em 1969. A segundos do gol do século. Atenção, caminha Pelé, chutou é gol! Gol de Pelé! Pelé, mil gols! Pelé, o mundo aos seus pés!”, narrou o Waldir Amaral, no milésimo gol de Pelé.

E Pelé tinha fôlego para mais. A Copa de 70 no México foi a última, inesquecível. Fez quatro gols, deu o passe açucarado para Carlos Alberto Torres marcar aquele que virou o símbolo do tri.

Três lances desse Mundial não balançaram a rede, mas entraram para a história.

O chute do meio-campo contra a Tchecoslováquia. A cabeçada para a incrível defesa do inglês Banks e o drible sem bola no uruguaio Mazurkiewicz.


Depois da Copa, Pelé foi aplaudido de pé por todo o Maracanã ao se despedir da Seleção no jogo contra a Iugoslávia. É até hoje o artilheiro que fez mais gols pelo Brasil: 95.

Pelé vestiu pela última vez a camisa do Santos em 1974 na Vila Belmiro. Sua casa por quase duas décadas, chorou como uma criança. Era a segunda despedida, não seria a definitiva.

A saudade da bola falou mais alto. Na temporada seguinte, uma proposta milionária convenceu Pelé a aceitar um desafio: popularizar o futebol nos Estados Unidos. No NY Cosmos ele chegou aos 1.282 gols e conquistou o 32º título da carreira.

Em 1977, finalmente deu adeus aos campos em um amistoso entre o Santos e o Cosmos. Deixou a marca de artilheiro na última despedida. Deixou muito mais.

Deixou um nome que virou adjetivo: Pelé, o Pelé dos futebolistas. Pelé, o rei que reinventou o futebol. Pelé, o eterno namorado da bola.

“Querida bola, se existe uma coisa importante no mundo, é você. Se Deus mandou você para mim, e ter tanta liberdade, tanta amizade com você, é porque Deus me ama”, disse o rei.





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