O caso parece saído de contos de terror. Um americano de 84 anos acordou com um morcego mordendo sua mão. Cinco meses depois, ele morreu vítima do vírus da raiva, que foi transmitido pelo morcego.
O incidente ocorreu em 2020, mas só veio a público na última semana com a publicação do caso em uma revista médica da Universidade de Oxford, da Inglaterra. O idoso vivia com a esposa em uma cabana de madeira que era constantemente invadida por esquilos e morcegos, mas aquela foi a primeira vez que eles foram atacados por um animal.
Na noite em que foi mordido, o idoso acordou com o animal mordendo sua mão, mas não conseguiu espantá-lo. Como não havia ferimento visível, ele apenas lavou as mãos com sabão e voltou a dormir. No dia seguinte, buscou atendimento médico e recebeu três doses de soro contra a raiva.https://d-2197287833830366954.ampproject.net/2303151621000/frame.html
Além disso, tanto ele como a esposa tomaram três doses de vacina antirrábica em um tratamento que durou um mês. Cinco meses depois do fim do tratamento, o homem voltou a procurar o atendimento médico alegando fortes dores de cabeça e olhos lacrimejando em excesso.
Duas semanas depois do retorno ao hospital, ele morreu. Antes disso o homem sofreu acessos de vômito, febre de quase 40º, formigamento nos membros e dificuldade para respirar.
Apesar dos sintomas, a raiva humana foi descartada inicialmente, já que o paciente havia seguido as determinações médicas. Além disso, seu quadro teve uma evolução lenta para um caso de raiva, doença que costuma matar em menos de sete dias.
“Um teste de saliva detectou a presença do vírus da raiva no paciente só depois de sua morte”, apontou o relatório publicado pela equipe médica na Revista de Doenças Infecciosas de Oxford (em inglês). Este é o primeiro caso conhecido de uma pessoa que segue as determinações médicas de tratamento contra a raiva, mas que ainda assim acaba sendo vítima da doença.
Para os médicos responsáveis pelo estudo, a idade avançada do homem e suas comorbidades podem ter impedido ele de alcançar a defesa fornecida pela vacina. O relatório médico também levanta a hipótese de que o soro antirrábico aplicado poderia estar estragado em consequência de um armazenamento errado.
“Nossas descobertas não ameaçam o conhecimento que temos sobre a eficácia dos protocolos internacionais de atendimento a pessoas sob risco de exposição à raiva”, conclui o relatório.
Entre 2010 e 2022, 45 pessoas foram infectadas com raiva humana no Brasil. Entre as vítimas, apenas duas conseguiram se curar após o diagnóstico e 43 delas morreram em decorrência da doença.
Em casos em que a vítima faz a correta imunização antes de os sintomas apareceram, as chances de cura são altas.
A raiva é uma doença viral que atinge o sistema nervoso de forma progressiva e pode ter os primeiros sintomas manifestados anos depois da contaminação, mas, em regra, eles aparecem entre 5 e 45 dias depois da exposição.(metrópoles)